terça-feira, junho 04, 2013

MECANISMOS FISIOLÓGICOS DA REDUÇÃO DE GORDURA CORPORAL
1 Processo de Digestão e Absorção de Lipídeos (Gorduras)
A digestão da gordura é iniciada no estômago com a ação da lípase gástrica
(tributirinase), que hidrolisa alguns ou parte dos trigicerídeos de cadeia curta em ácidos
graxos e glicerol. Entretanto, a parte principal da digestão de gorduras acontece no
intestino delgado. A entrada da gordura estimula a liberação de enterogastrona, que
atua inibindo a secreção e motilidade gástricas diminuindo, desta forma, a liberação de
lipídeos para o duodeno. Os produtos da digestão de gorduras inibem o processo
digestivo; portanto, é necessário permitir um tempo suficiente para a remoção do
material digerido do duodeno para que então a digestão possa prosseguir. Como
resultado, uma porção de uma refeição gordurosa pode permanecer no estômago por
até 4h ou mais.A ação peristáltica do intestino delgado quebra os glóbulos maiores de gordura
em partículas menores e a ação emulsificante da bile as mantém separadas e,
portanto, mais acessível para a digestão pela lípase pancreática. A bile é uma secreção
do fígado, composta de ácidos biliares (ácidos glicólico e taurocólico), pigmentos
biliares (que dão cor às fezes), sais orgânicos, algumas proteínas, colesterol, lecitina e
vários componentes, assim como drogas desintoxicadas que são metabolizadas e
secretadas pelo fígado. De seu órgão de armazenamento, a vesícula biliar, cerca de 1l
é secretado diariamente em resposta ao estímulo do alimento no duodeno e
estômago.Os ácidos graxos livres e monossacarídeos produzidos pela digestão formam
complexos com os sais biliares chamados micelas. As micelas facilitam a passagem
dos lipídeos através do meio aquoso do lúmen intestinal para a borda em escova. Os
sais biliares são então liberados de seus componentes lipídicos e retornam ao lúmen
intestinal. A maioria dos sais biliares é ativamente reabsorvida no íleo terminal e é
reciclada de volta para o fígado para entrar no intestino através da vesícula biliar. Essa
eficiente reciclagem é conhecida como a circulação entero-hepática. O “pool” de ácidosbiliares pode circular por qualquer lugar de 3 a 15 vezes ao dia, dependendo da
quantidade de alimentos que foi ingerida.
Na célula mucosa, os ácidos graxos e monoglicerídeos são reunidos em novos
triglicerídeos. Poucos deles são posteriormente digeridos em ácidos graxos livres e
glicerol e então reunidos para formarem triglicerídeos. Estes, juntos com o colesterol e
os fosfolipídeos, são circundados por uma membrana envolvente de beta-lipoproteína,
formando quilomícrons. Os glóbulos passam por canais lácteos das vilosidades por um
processo de exocitose. Os quilomícrons são transportados pelos vasos linfáticos para o
ducto torácico e são esvaziados na corrente sanguínea na junção das veias jugular
interna esquerda e subclávia esquerda. Os quilomícrons são então carregados para o
fígado onde os triglicerídeos são reagrupados em lipoproteínas e transportados
principalmente para o tecido adiposo para metabolismo e armazenagem.O colesterol é absorvido de uma maneira similar após ter sido hidrolisado de sua
forma éster pela esterase colesterol pancreática. As vitaminas lipossolúveis A, D, E e K
também são absorvidas a partir de um quadro micelar, embora as formas
hidrossolúveis das vitaminas A, E e K e caroteno possam ser absorvidas na ausência
de ácidos biliares.Sob condições normais, cerca de 97% da gordura ingerida é absorvida nos
vasos linfáticos. Devido a sua extensão mais curta e, portanto, à solubilidade
aumentada, os ácidos graxos de 12 carbonos ou menos podem ser absorvidos
diretamente nas células mucosas sem a presença da bile e da formação de micelas.
Após entrarem na célula mucosa, vão diretamente sem esterificação para a veia porta,
que os carrega para o fígado.Esta capacidade dos ácidos graxos de cadeia média é clinicamente útil. Alguns
indivíduos não podem absorver eficientemente os tipos comuns de gordura dietética
(triglicerídeos de cadeia longa), porque apresentam ausência dos sais biliares
necessários para a formação micelar ou dos meios para transportar triglicerídeos para
fora das células epiteliais intestinais para os linfáticos, como em umaabetalipoproteinemia. Nestes casos, os triglicerídeos de cadeia média, com uma extensão da cadeia de ácidos graxos entre C8 e C10, que desviam a formação micelar e de quilomícrons, são utilizados para a gordura dietética. Um aumento na motilidade,
alterações na mucosa intestinal, insuficiência pancreática ou ausência de bile diminuem
a absorção de gordura.As tabelas 1, 2 e 3 ilustram respectivamente: o Resumo da Digestão e Absorção
enzimática; as Funções Importantes dos Hormônios Gastrointestinais; e os Locais de
secreção e Absorção no Trato Gastrointestinal.
2 Transporte e Acúmulo de Gorduras Corporais
Quase todos os lipídeos da dieta são absorvidos a partir da mucosa intestinal
para o sistema linfático. Apenas os ácidos graxos de cadeia média são absorvidos
diretamente no sangue portal, assim desviando do sistema linfático. Os lipídeos da
dieta são carregados na linfa como partículas de quilomícrons de triglicerídeos,
colesterol e fosfolipídeos – com uma pequena quantidade de proteína (principalmente
apolipoproteínas A e B-48) absorvidos para suas camadas externas. Os quilomícrons
são tão grandes que fazem o plasma parecer leitoso depois de uma refeição com alto
teor de gordura.Dentro de poucas horas após a alimentação, a maior parte dos quilomícrons foi
removida do sangue pela ação da lípase lipoprotéica (LPL), uma enzima localizada nas
células endoteliais que reveste os capilares em muitos tecidos. Pós-prandialmente, a
LPL do tecido adiposo é mais ativa; durante o jejum, a atividade da LPL nos músculos
aumenta. A LPL hidrolisa os triglicerídeos e fosfolipídeos em ácidos graxos, glicerol e
substâncias que contém fósforo, todos sendo pequenos o suficiente para passar para
as células. Dentro da célula, eles são reesterificados em triglicerídeos e fosfolipídeos
para armazenamento. Os remanescentes de quilomícrons são captados por receptores
do fígado que reconhecem a apolipoproteína B-48, e então são catabolizados. Osquilomícrons também trocam fosfolipídeos, colesterol e apolipoproteínas por lipoproteínas de alta densidade.A maior parte da energia dos lipídeos no organismo é transferida para os tecidos na forma de ácidos graxos livres (FFA), que são libertados das células adiposas em um processo conhecido como lipólise. Os FFA são insolúveis em água e o seu transporte é dependente da albumina, a qual eles se liga avidamente. A albumina pode ser um,
importante instrumento no transporte dos FFA no espaço intersticial, tanto quanto no
plasma.
As reservas energéticas de lipídeos são armazenadas no tecido adiposo. A
maior parte das células adiposas dos seres humanos é encontrada em tecidos
subcutâneos (50%), em volta dos órgãos internos na cavidade abdominal (45%) e no
tecido intramuscular (5%). Essas células adiposas podem armazenar até 95% do seu
volume como triglicerídeos. O armazenamento de gordura não é estático; ainda que o
total seja o mesmo, os triglicerídeos estão em um estado constante de mudanças.

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